Casa Leiria Grupo Internacional de Pesquisa Educação Digital UNISINOS
FINANCIAMENTO: A UNIVERSIDADE NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO
CASA LEIRIA SÃO LEOPOLDO/RS 2024 Eliane Schlemmer Dorotea Frank Kersch Lisiane Cézar de Oliveira (Organizadoras) A UNIVERSIDADE NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO
A UNIVERSIDADE NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE: FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO DOI https://doi.org/10.29327/5365072 Organizadoras: Eliane Schlemmer, Dorotea Frank Kersch e Lisiane Cézar de Oliveira Os textos e imagens são de responsabilidade de seus autores. Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Capa: cocriação (Lisiane Cézar de Oliveira e Canva (IA Image Gen App)). Catalogação na Publicação Bibliotecária: Carla Inês Costa dos Santos – CRB 10/973 Ficha catalográfica EDITORA CASA LEIRIA – CONSELHO EDITORIAL Ana Carolina Einsfeld Mattos (UFRGS) Ana Patrícia Sá Martins (Uema) Antônia Sueli da Silva Gomes Temóteo (UERN) Glícia Marili Azevedo de Medeiros Tinoco (UFRN) Haide Maria Hupffer (Feevale) Isabel Cristina Arendt (Unisinos) José Ivo Follmann (Unisinos) Luciana Paulo Gomes (Unisinos) Luiz Felipe Barboza Lacerda (Unicap) Márcia Cristina Furtado Ecoten (Unisinos) Rosangela Fritsch (Unisinos) Tiago Luís Gil (UnB) U58 A universidade no paradigma da educação OnLIFE : formação docente e práticas pedagógicas no ensino superior e na pós-graduação / organização Eliane Schlemmer, Dorotea Frank Kersch, Lisiane Cézar de Oliveira [recurso eletrônico]. – São Leopoldo: Casa Leiria, 2024. Disponível em: <http://www.guaritadigital.com.br/casaleiria/ acervo/educacao/univonlife/index.html> Financiamento: FAPERGS ISBN 978-85-9509-110-8 1. Educação – Ensino superior – Inovações tecnológicas. 2. Ensino superior – Tecnologia educacional – Formação docente. 3. Ensino superior – Tecnologia educacional – Pesquisa e tendências. 4. Ensino superior – Tecnologia educacional – Práticas pedagógicas. I. Schlemmer, Eliane (Org.). II. Kersch, Dorotea Frank (Org.). III. Oliveira, Lisiane Cézar de (Org.). CDU 378:004 371.13
DEDICATÓRIA Dedicamos esse livro a todos/as professores/ as-pesquisadores/as, parceiros/as nessa jornada formativa, antes, durante e pós-pandemia. A vocês… Sonhar o sonho impossível, Sofrer a angústia implacável, Pisar onde os bravos não ousam, Reparar o mal irreparável, Amar um amor casto à distância, Enfrentar o inimigo invencível, Tentar quando as forças se esvaem, Alcançar a estrela inatingível: Essa é a minha busca. (Dom Quixote de La Mancha) Que a jornada seja uma viagem na qual possam encontrar muitos Sancho-Panças para juntos irmos em busca de novas Dulcineias! A cada um e a cada uma o nosso profundo reconhecimento e agradecimento. Eliane, Dorotea e Lisiane
8 A UNIVERSIDADE NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO AGRADECIMENTOS Agradecemos aos órgãos de fomento a pesquisa no Brasil: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e, em especial, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) pelo fomento à pesquisa que dá origem à presente obra, bem como pelo financiamento da obra em si. À Universidade Aberta de Portugal e seus diferentes Centros Locais de Aprendizagem, pela parceira no projeto. À Rede Internacional de Educação OnLIFE, a qual propiciou a organização e divulgação do Movimento EscutAÇÕES Brasil e do Movimento EscutAÇÕES Portugal, bem como da Temporada Educação OnLIFE no Stricto Sensu – WebSérie: COnversAÇÕES & COMpartilhAÇÕES RIEOnLIFE. A todos os pesquisadores que estiveram conosco, nas sessões de COnversAÇÕES, nos ajudando a pensar a UNIVERSIDADE do terceiro milênio, em especial ao Prof. Dr. Massimo Di Felice (USP), Prof. Dr. José António Moreira (UAb Portugal), Prof. Dr. Leonel Morgado (UAb Portugal), Prof. Dr. Paulo Dias (UAb Portugal), Profa. Dra. Virgínia Kastrup (UFRJ), Profa. Dra. Vani Kenski (USP) e Profa. Dra. Lynn Alves (UFBA). ÀUniversidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), à Diretoria de Pesquisa e Pós-graduação, em especial a Profa. Dra. Dorotea Frank Kersch, então diretora, aos coordenadores e professores-pesquisadores dos Programas de Pós-Graduação das diferentes escolas que estiveram conosco, pela confiança e oportunidade de desenvolvermos o programa de formação, em cujo escopo esta obra nasce.
9 A UNIVERSIDADE NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO Por fim, agradecemos ao Programa de Pós-Graduação em Educação e ao Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, a todos os doutorandos, mestrandos e bolsistas de iniciação científica que integram o Grupo Internacional de Pesquisa em Educação Digital – GPe-dU UNISINOS/CNPq e que estiveram conosco nesse percurso, em especial a Profa. Dra. Lisiane Oliveira (IFRS – Campus Ibirubá) e ao Prof. Dr. Fabrício Andrade (Unisinos), os quais desenvolveram suas teses de doutorado vinculadas à pesquisa que deu origem à presente obra.
11 A UNIVERSIDADE NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO Viajar é se abrir, abrir a sua atenção para o que não se sabe, para a surpresa, para o desconhecido, o estranhamento. Uma viagem produz oportunidades de deslocamentos, da nossa atitude recognitiva e da política cognitiva da representação, nos abre para a surpresa, nos deixa felizes com o estranhamento. O turista que sai para uma viagem pronta, sai para não estranhar nada, leva a casa nas costas, quer ver o mesmo tipo de gente, ter o mesmo tipo de deslocamento que tinha, estar com o mesmo grupo de pessoas, etc. São dois tipos de viagem, a viagem para não sair do lugar (turista) e a do viajante que traz um pouco do estranhamento com ele de volta, ficando mais sensível e aberto para viajar também na sua cidade, na sua própria vida, não é contra o cotidiano porque o cotidiano pode ser cheio de invenção, mas contra a banalidade. Virgínia Kastrup
12 A UNIVERSIDADE NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO SUMÁRIO 15 APRESENTAÇÃO: A FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE: UM PERCURSO EM CONSTRUÇÃO Eliane Schlemmer Dorotea Frank Kersch Lisiane Cézar de Oliveira SEÇÃO I: ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS E TECNOLÓGICOS DA FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO 31 FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓSGRADUAÇÃO: DOS AVA/AVGS AO HIBRIDISMO Eliane Schlemmer 61 FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓSGRADUAÇÃO: DOS ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA DIGITAIS VIRTUAIS À EDUCAÇÃO HÍBRIDA Eliane Schlemmer 109 O URBANO E O PÓS-URBANO COMO ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM: O PERCURSO DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PESQUISADORES NA CULTURA HÍBRIDA E MULTIMODAL Eliane Schlemmer 143 MODALIDADE DA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DISCUSSÃO: DOS MODELOS DE EaD AOS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO NUM CONTEXTO HÍBRIDO E MULTIMODAL Eliane Schlemmer José António Moreira 171 FORMAÇÃO DE PROFESSORES-PESQUISADORES EM CONTEXTO HÍBRIDO E MULTIMODAL: DESAFIOS DA DOCÊNCIA NO STRICTO SENSU Eliane Schlemmer Dorotea Frank Kersch Lisiane Cézar de Oliveira 199 FORMAÇÃO DE PROFESSORES-PESQUISADORES NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE: O HABITAR CONECTIVO DO ENSINAR E DO APRENDER Eliane Schlemmer
13 A UNIVERSIDADE NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO 243 “ESSE É REALMENTE UM ESPAÇO DE MUITAS TROCAS” - A FORMAÇÃO CONTINUADA NO E PARA O LOCAL DE TRABALHO DO PROFESSOR DA PÓS-GRADUAÇÃO: CAMINHOS PARA O HABITAR A EDUCAÇÃO OnLIFE Fabrício Dias de Andrade SEÇÃO II: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO ONLIFE 265 STRICTO SENSU COMPETENCES POWER HYBRID CARD GAME: UM JOGO HÍBRIDO PARA O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE Eliane Schlemmer Lisiane Cézar de Oliveira 283 CANAL WEARABLES & EDUCAÇÃO Lisiane Cézar de Oliveira Eliane Schlemmer Alessandra Teribele Debora Barauna Marcia Regina Diehl 293 INVENTANDO_COISAS: UMA PRÁTICA DE PESQUISA EM DESIGN ESTRATÉGICO ENREDADA PELO CANAL WEARABLE & EDUCAÇÃO Marcia Regina Diehl Debora Barauna Lisiane Cézar de Oliveira Eliane Schlemmer 311 PRÁTICA PEDAGÓGICA SaIGOn: A VIVÊNCIA DE APRENDIZAGEM “NOVAS AVENTURAS DE DOM QUIXOTE” Lisiane Cézar de Oliveira 321 PROJETAR EM TEMPOS DE SENTIR EM REDE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INVENTIVAS NA PÓS-GRADUAÇÃO E NA GRADUAÇÃO POTENCIALIZADAS PELA EDUCAÇÃO OnLIFE Debora Barauna 339 O DIREITO TE DESAFIA Agueda Bichels Daniela Pellin Raquel von Hohendorff Wilson Engelmann
14 A UNIVERSIDADE NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO 353 ATIVIDADE GAMIFICADA NO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO: O CASO DA CONSULTORIA.COM NA ATIVIDADE ACADÊMICA DE ESTRATÉGIA Luciana Maines da Silva Priscila Goergen Brust-Renck José Carlos da Silva Freitas Junior 371 MURAL DOS CIENTISTAS: UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA REALIZADA NO MODELO REMOTO EMERGENCIAL Flávia Schwarz Franceschini Zinani Isadora Cardozo Dias Rejane De Cesaro Oliveski 379 SUPER GUEDES: O SUPER-HERÓI DA MACROECONOMIA Angélica Massuquetti 391 ESCOLA E CIDADANIA DIGITAL EM UM MUNDO HIPERCONECTADO: QUESTÕES PARA REPENSAR A DIMENSÃO EDUCATIVA Roberto Rafael Dias da Silva SEÇÃO III: CONVERSAÇÕES 403 LEGISLAÇÃO DE EAD NA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU Vani Moreira Kenski 421 A REDE DE CENTROS LOCAIS DE APRENDIZAGEM DA UNIVERSIDADE ABERTA DE PORTUGAL: ESTRUTURAS DE COOPERAÇÃO COM A SOCIEDADE PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS TERRITÓRIOS Domingos José Alves Caeiro José António Moreira 435 DESESCOLARIZANDO O PENSAMENTO: COMO AS EPISTEMOLOGIAS RETICULARES E CONECTIVAS NOS DESAFIAM A PENSAR O OFÍCIO DO PESQUISAR Massimo Di Felice 463 SOBRE OS AUTORES
15 SCHLEMMER, E; KERSCH, D. F.; OLIVEIRA, L. C. de. A universidade no paradigma da Educação OnLIFE: formação docente e práticas pedagógicas no Ensino Superior e na Pós-Graduação. São Leopoldo: Casa Leiria, 2024. APRESENTAÇÃO: A FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE: UM PERCURSO EM CONSTRUÇÃO Eliane Schlemmer Dorotea Frank Kersch Lisiane Cézar de Oliveira Os desafios e as potencialidades de uma realidade hiperconectada numa era de hiperinteligência nos fazem pensar num outro tipo de docência para o ensino superior e para a pós-graduação, dadas as transformações digitais pelas quais temos passado. Com o objetivo de compreender como formar o professor para a Docência OnLIFE, o percurso da pesquisa- -desenvolvimento-formação se fundamenta no método cartográfico de pesquisa-intervenção. Os artigos que constituem esta obra têmcomo foco a formação do professor-pesquisador, nesse sentido abordam: umhistórico das pesquisas realizadas pelo GPe-dU UNISINOS, uma discussão sobre amodalidade da Pós-Graduação stricto sensu, a construção de um programa de formação docente que tem início como uma ação de extensão em 2018 e se vai constituindo e ampliando para uma Especialização, em nível lato sensu, proposta em 2020, num processo de inventividade e inovação curricular e metodológica, com um público também diferenciado e pouco estudado: o professor-pesquisador de pós-graduação. Os capítulos deste livro vão problematizar as competências necessárias à docência na contemporaneidade, propondo a Rede de Competências para a Docência OnLIFE (Schlemmer, 2021). Essas competências são organizadas por dimensões, que apresentamos como “os 5D’s da Formação Docente OnLIFE” (Schlemmer, 2019). Essas competências, organizadas nas dimensões, vão demandar, como se verá, outra concepção de currículo, que se apresenta de forma reticular. As metodoloDOI https://doi.org/10.29327/5365072.1-1
16 APRESENTAÇÃO: A FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE: UM PERCURSO EM CONSTRUÇÃO gias e práticas inventivas que são construídas nesse escopo nos levam a propor uma docência OnLIFE. Essa concepção de currículo em rede, pautado pelos 5D’s da Formação Docente, em 2018, mobilizou a Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade, em parceria com o Grupo Internacional de Pesquisa Educação Digital – GPe-dU UNISINOS/CNPq, para desenhar e desenvolver o processo formativo intitulado “Concepção e Desenho de Curso na Cultura Híbrida e Multimodal”. O curso, ofertado na modalidade híbrida, teve como objetivo formar professores dos programas de pós-graduação das diferentes escolas da Unisinos1, coordenadores de curso e gestores para conceber e desenhar cursos no contexto da cultura híbrida e multimodal. Esse objetivo se tornou ainda mais premente quando, em 18 de dezembro de 2018, a Capes publicou a Portaria Capes nº 275/18, a qual dispunha sobre os programas de pós-graduação stricto sensu na modalidade de educação a distância, sendo essa revogada em 24 de abril de 2019, e substituída pela Portaria Capes nº 90/19, a qual dispõe sobre o mesmo tema. Considerando esse contexto, nos questionamos sobre as competências que seriam necessárias para a docência que pensávamos naquele momento para a formação de professores-pesquisadores quando nem poderíamos imaginar que, depois anos depois, viria uma pandemia que iria demandar exatamente essas competências que estávamos pensando como necessárias em tempos de hiperconetividade. Imaginamos que seria necessário que os professores vivessem a experiência de um outro tipo de docência, uma vez que, durante o seu percurso formativo, eles não haviam tido experiências de ensino e de aprendizagem além daquelas possibilitadas pela modalidade presencial física. Era necessário desenvolver uma nova cultura. Com a posse da nova reitoria em 2018, chamou-nos a atenção a ênfase do então recém-empossado reitor, cujo discurso tinha uma palavra-chave que nos era cara: “transformação digital”. Como diretora da Unidade Acadêmica de Pesquisa 1 Escola de Humanidades, Escola Politécnica, Escola de Indústria Criativa, Escola de Saúde, Escola de Gestão e Negócios e Escola de Direito.
17 ELIANE SCHLEMMER, DOROTEA FRANK KERSCH E LISIANE CÉZAR DE OLIVEIRA e Pós-Graduação e professoras da pós-graduação stricto sensu – com histórico de pesquisa sobre apropriação de tecnologias digitais por professores e alunos – sentimos que estávamos sendo chamadas à ação. Sabíamos que a pós-graduação stricto sensu (e as pesquisas que vínhamos desenvolvendo há cerca de três décadas) tinha uma contribuição a dar e era na formação de professores. A docência da pós-graduação estava conectada às mudanças contemporâneas caracterizadas pela hiperconectividade? Professores desse nível de ensino precisariam de formação continuada? Que tipo de formação seria mais adequada para esse público? Esses questionamentos deram início à trajetória da Educação OnLIFE para coordenadores e professores do stricto sensu. A então diretora – segunda autora deste capítulo – chama a pesquisadora líder do GPe-dU – primeira autora, e se dá início à primeira formação continuada em serviço, destinada justamente a esse público diferenciado, que acabou se transformando em uma especialização lato sensu. A terceira autora, enquanto doutoranda em Educação, é convidada para acompanhar sua orientadora em um diálogo com os professores pesquisadores sobre a transformação digital, no primeiro encontro organizado pela Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação em 9 de julho de 2018. Porém, com a potência dos encontros e das conexões que emergem desse território, permanece até o ano de 2021, engajada em diferentes movimentos desenvolvidos nesta formação. Um pouco dessa história, seus desdobramentos e alguns conhecimentos construídos são o pano de fundo deste livro, que oferece capítulos de diferentes perspectivas da(s) experiência(s) vivenciadas, desde quem concebeu os cursos em si, quanto de quem participou deles. Na primeira reunião de trabalho, iniciamos pensando no nosso público-alvo: que formação poderia ser oferecida para nossos colegas, para que eles pudessem se apropriar de conceitos e ferramentas para transitar nos diferentes tempos e espaços que caracterizam a contemporaneidade. Já no primeiro momento, alinhamos uma concepção que balizaria tudo que faríamos: tecnologias digitais não são ferramentas,
18 APRESENTAÇÃO: A FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE: UM PERCURSO EM CONSTRUÇÃO nem recursos ou meios a serem usados na educação, tampouco apoio; elas integram processos a serem desenvolvidos e ajudam a nos constituir nos espaços em que interagimos, bem como a constituir novos espaços. Nessa perspectiva, não teremos usuários, mas criadores, coprodutores numa rede que vai sendo tecida entre humanos e não humanos. Outro ponto central era que nossa docência sempre esteve articulada à pesquisa e ao desenvolvimento técnico-didático-pedagógico, logo, não podíamos falar em um conhecimento a ser “aplicado”. Como concebemos pesquisa, ensino, aprendizagem e os atores envolvidos nesses processos como integrados e integradores, complementares, não poderíamos falar em competências digitais de forma separada. Também não fazia sentido falar em competências didático-pedagógicas e competências específicas da área de conhecimento ou ainda, em competências socioemocionais, como se isso tudo fosse separado e fosse trabalhado de forma isolada, em blocos ou em formações específicas para cada uma delas. Esses pressupostos iniciais pautam o que acreditamos e o que partilhamos quando ensinamos: todas essas competências precisam ser compreendidas (e desenvolvidas) de forma integrada. Essas concepções iniciais que alinhamos para pensar a formação – e que nos pautam até hoje, e cujos resultados nas vidas dos professores-pesquisadores se vai conhecer em mais profundidade ao longo dos textos apresentados na Seção II, serão trazidas na Sessão I desta obra. Nosso objetivo aqui é rever esses conceitos fundantes e mostrar como eles nos levaram a propor a formação que prevê cinco dimensões anteriormente mencionadas. Começamos por um conceito que ficou mais evidente na pandemia – Educação OnLIFE – e como ele problematiza a docência. A discussão desse conceito vai deixando claro por que as tecnologias digitais, nesse contexto que vamos caracterizando, não podem ser compreendidas como ferramentas, recursos, apoio ou meio, conforme destacamos antes. Depois, passamos à questão das competências – que sempre vemos conectadas – necessárias na Educação OnLIFE, o que nos leva a estabelecer cinco dimensões para a formação docente como a vimos pensando desde os tempos pandêmicos.
19 ELIANE SCHLEMMER, DOROTEA FRANK KERSCH E LISIANE CÉZAR DE OLIVEIRA O livro está organizado em três seções: SEÇÃO I – Aspectos teóricos-metodológicos e tecnológicos da Formação Docente no Ensino Superior e na Pós-Graduação; SEÇÃO II – Práticas Pedagógicas vivenciadas e cocriadas na perspectiva do paradigma da Educação OnLIFE e; SEÇÃO III – COnversAÇÕES. A SEÇÃO I: Aspectos teóricos-metodológicos e tecnológicos da Formação Docente no Ensino Superior e na Pós- -Graduação, é composta por sete artigos, apresenta a trajetória da Tríade Pesquisa-Desenvolvimento-Formação do Grupo Internacional de Pesquisa Educação Digital – GPe-dU UNISINOS/CNPq, com foco na formação de professores do ensino superior e da Pós-Graduação. No primeiro texto, intitulado Formação Docente no Ensino Superior e na Pós-Graduação: dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem e Ambientes Virtuais Gráficos (AVA/AVGs) ao Hibridismo, Eliane Schlemmer apresenta e discute a primeira parte da trajetória da Tríade Pesquisa-Desenvolvimento-Formação que constitui o Grupo Internacional de Pesquisa Educação Digital – GPe-dU UNISINOS, mais especificamente relacionada à formação de professores do ensino superior e pesquisadores, envolvendo desde os Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Ambientes Virtuais Gráficos, até a problematização que nos desafia a investigar o conceito de hibridismo. O segundo texto, intitulado Formação Docente no Ensino Superior e na Pós-Graduação: dos Espaços de Convivência Digitais Virtuais à Educação Híbrida, Eliane Schlemmer apresenta e discute a segunda parte da trajetória da Tríade Pesquisa-Desenvolvimento-Formação que constitui o Grupo Internacional de Pesquisa Educação Digital – GPe-dU UNISINOS/CNPq, agora cadastrado no Diretório de Pesquisa do CNPq, mais especificamente relacionada à formação de professores do ensino superior e pesquisadores, envolvendo a tecnologia-conceito Espaços de Convivência Digital Virtual – ECODI, a tecnologia- -conceito Espaços de Convivência e Aprendizagem Híbridos e Multimodais (ECHiM) e o conceito de Educação Híbrida. O terceiro texto, intitulado O urbano e o pós-urbano como espaços de aprendizagem: o percurso da formação de professores e
20 APRESENTAÇÃO: A FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE: UM PERCURSO EM CONSTRUÇÃO pesquisadores na cultura híbrida e multimodal, Eliane Schlemmer apresenta, ainda que de forma sucinta, o projeto de pesquisa, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Rio Grande do Sul – Fapergs – Edital Internacionalização da Pós-Graduação no Rio Grande do Sul, bem como os principais resultados, no qual se contextualiza a presente obra. No quarto texto, intitulado Modalidade da Pós-Graduação stricto sensu em discussão: dos modelos de EaD aos ecossistemas de inovação num contexto híbrido e multimodal, Schlemmer e Moreira (2019) discutem os modelos de EaD e, a partir da portaria MEC/Capes N.º 275/2018, problematizam a modalidade da pós-graduação stricto sensu na relação com o contexto híbrido e multimodal. O objetivo é compreender como a cultura híbrida e multimodal contribui para pensar a modalidade da pós-graduação stricto sensu, enquanto ecossistemas de inovação, tendo como pressuposto a epistemologia reticular, conectiva e atópica, fundamentada em Di Felice. A pesquisa se apropriou do método cartográfico de pesquisa-intervenção, proposto por Passos, Kastrup e Escóssia (2012) e Passos, Kastrup e Tedesco (2014) para produção e análise de dados. Como resultado principal, os autores apresentam o Ecossistema de Inovação na Educação no contexto híbrido e multimodal, como forma de repensar a modalidade da pós-graduação stricto sensu e sua sustentabilidade. Propõem ainda a ressignificação/ampliação da compreensão do lugar dos polos, que passam a ser entendidos enquanto espaços de aprendizagem e articulação com a comunidade/sociedade. No quinto texto, intitulado Formação de professores-pesquisadores em contexto híbrido e multimodal: desafios da docência no stricto sensu, Schlemmer, Kersch e Oliveira (2020) discutem a formação de professores-pesquisadores de programas de pós-graduação stricto sensu para conceber e desenhar cursos híbridos e multimodais. Nesse contexto, apresenta-se e discute-se uma proposta formativa, intitulada Concepção e desenho de curso na cultura híbrida e multimodal, desenvolvida como extensão, numa universidade confessional e comunitária, na região sul do Brasil. A pesquisa é qualitativa, exploratória e interpretativista e se apropria do Método Cartográfico de Pesquisa-In-
21 ELIANE SCHLEMMER, DOROTEA FRANK KERSCH E LISIANE CÉZAR DE OLIVEIRA tervenção para a produção e análise dos dados. Os resultados fornecem elementos que possibilitam compreender o perfil dos professores-pesquisadores e sobre como foi se configurando uma comunidade de prática que se estruturou a partir dos espaços de convivência e aprendizagem híbridos e multimodais. Esses elementos caracterizam a formação proposta. A partir da apropriação dos saberes tecnológicos, pedagógicos e disciplinares, os pesquisadores concebem projetos coletivamente para desenvolver com seus alunos. No sexto texto, intitulado Formação de professores-pesquisadores no Paradigma da Educação OnLIFE: o habitar conectivo do ensinar e do aprender, Eliane Schlemmer, a partir do percurso vivenciado na formação de professores-pesquisadores de programas de pós-graduação stricto sensu para conceber e desenhar cursos híbridos emultimodais, intitulada Concepção e desenho de curso na cultura híbrida e multimodal, e dos desafios que surgiram com a Pandemia da covid-19, apresenta e discute a emergência do Paradigma da Educação OnLIFE e, com ele, a proposta e o percurso da Especialização em Educação OnLIFE. No sétimo texto, intitulado “Esse é realmente um espaço de muitas trocas” - A Formação Continuada no e para o local de trabalho do professor da pós-graduação: caminhos para o habitar a Educação OnLIFE, Fabrício Dias de Andrade, pelo viés da Linguística Aplicada, apresenta a percepção formativa de professores- -pesquisadores da pós-graduação participantes do curso de Especialização em Educação OnLIFE que, diante do processo experiencial de uma prática pedagógica inventiva, puderam desenvolver e qualificar diferentes tipos de letramentos e, consequentemente, reformular suas práticas pedagógicas no e para o seu local de trabalho. A SEÇÃO II: Práticas Pedagógicas vivenciadas e cocriadas na perspectiva do paradigma da Educação OnLIFE é composta por dez capítulos, divididos em nove práticas pedagógicas inventivas e um texto reflexivo, que emergiram no percurso da Especialização Educação OnLIFE. No artigo inaugural, intitulado Stricto Sensu Competences Power Hybrid Card Game: um jogo híbrido para o desenvolvimento de competências, as autoras e cocriadoras Eliane Schlemmer
22 APRESENTAÇÃO: A FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE: UM PERCURSO EM CONSTRUÇÃO e Lisiane Cézar de Oliveira (PPG Educação) apresentam uma proposta inventiva de card game híbrido. Este jogo, que integra elementos tanto analógicos quanto digitais, visando instigar os jogadores na cocriação de suas próprias práticas pedagógicas inventivas, no reconhecimento de competências docentes, bem como na promoção da colaboração e cooperação entre os participantes. Proporcionando uma experiência imersiva e inventiva, o jogo concentra-se no desenvolvimento de competências para a Docência OnLIFE para além das ditas competências digitais, mas na perspectiva de competências técnico- -didático-pedagógicas da formação de professores. No segundo texto, as autoras Lisiane Cézar de Oliveira e Eliane Schlemmer, do PPG em Educação; Alessandra Teribele, do PPG em Arquitetura e; Débora Barauna e Márcia Diehl, do PPG em Design apresentam o Canal Wearables & Educação, um espaço constituído enquanto uma intervenção, que emerge no percurso da Especialização Educação OnLIFE, conectando professores-pesquisadores, estudantes e investigadores de diversas áreas da Unisinos. A sua criação ter por finalidade provocar problematizações, almejando ampliar discussões sobre a temática de tecnologias vestíveis (wearables), bem como instigar a sua invenção. A intervenção desse Canal, considerado como um “infoterritório de inventar”, visa potencializar a pesquisa inter/multi/pluri/transdisciplinar e promover reflexões sobre a incorporação dessas tecnologias emergentes na educação, como as tecnologias vestíveis. O Canal se constitui enquanto um “infoterritório do inventar”, uma vez que dele emergem práticas pedagógicas inventivas, como o “Workshop Projetual WEinP” e o “Processo Projetual Inventando_Coisas”. Essas práticas, compreendidas como vivências de aprendizagem OnLIFE, culminam na cocriação de tecnologias vestíveis, como os protótipos “Pulsus” e “Guaiaca_IoT”, detalhados nesse capítulo. O terceiro texto: Inventando_Coisas: uma prática de pesquisa em Design Estratégico enredada pelo canal Wearable & Educação é um capítulo colaborativo, escrito por Marcia Regina Diehl e Debora Barauna (do PPG em Design) e; Lisiane Cézar de Oliveira e Eliane Schlemmer (do PPG em Educação) que proble-
23 ELIANE SCHLEMMER, DOROTEA FRANK KERSCH E LISIANE CÉZAR DE OLIVEIRA matizam a experiência de formação acadêmica e docente, durante os anos desafiadores de 2020 e 2021, na Pós-Graduação da Unisinos, sobretudo em resposta à pandemia. As autoras apresentam a emergência da prática de pesquisa “Inventando_ Coisas” e emdecorrência o “Método de Design ‘d.e. coisas’”, que, no contexto da Especialização emEducação OnLIFE, se articulam com o território de investigação – “Canal Wearable & Educação”. No quarto texto, intitulado Prática Pedagógica SaIGoN: a vivência de aprendizagem “Novas Aventuras de Dom Quixote”, de autoria de Lisiane Cézar de Oliveira, aborda a experiência de formação durante o ano de 2020, marcada pela emergência da pandemia da covid-19 e pela transição para o ensino remoto emergencial. O texto descreve a vivência de aprendizagem “Novas Aventuras de Dom Quixote” como um percurso inventivo trazido enquanto proposição, para o processo formativo dos professores-pesquisadores na Especialização Educação OnLIFE, no sentido de problematizar acerca das transformações na educação e a hibridização proporcionada pelas tecnologias digitais. Dessa vivência, emergem cinco novas práticas pedagógicas inventivas, que compreendem os demais capítulos desta seção: Sentir em Rede, O Direito te Desafia, CONSULTORIA.COM, Mural dos Cientistas e SUPER GUEDES. No quinto texto, intitulado Projetar em tempos de Sentir em Rede: práticas pedagógicas inventivas na Pós-Graduação e na Graduação potencializadas pela Educação OnLIFE, a autora Debora Barauna, pesquisadora do PPG em Design, apresenta seu percurso inventivo, junto à Especialização Educação OnLIFE, trazendo uma provocação: “Como projetar em tempos de Sentir em Rede?” Essa questão é problematizada a partir da triangulação de perspectivas de Design Estratégico, NetAtivismo e Transformação Digital e é apresentada como uma abordagem integrada para pensar como projetar em tempos de “Sentir em Rede”. Nesse sentido, a autora nos conduz por uma reflexão profunda sobre a transformação do processo educacional na era digital. Inspirada pelas ideias de filósofos como Mario Perniola e teóricos contemporâneos como Bruno Latour e Massimo Di Felice, explora a transição do poder do saber e do
24 APRESENTAÇÃO: A FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE: UM PERCURSO EM CONSTRUÇÃO agir para o sentir, particularmente destacando a potência da cultura digital nessa mudança. No sexto texto, intitulado O Direito te Desafia, os autores do PPG em Direito, Águeda Bichels, Daniela Pellin, Raquel Von Hohendorff e Wilson Engelmann propõem abordar a problemática da educação jurídica em uma perspectiva disruptiva e inclusiva, no contexto da cidadania digital. Nesse sentido desenvolvem o game “Você sabia? O Direito te desafia!”, com foco no desenvolvimento de habilidades essenciais (soft e hard skills) necessárias para os futuros profissionais do Direito. No sétimo texto, intitulado Atividade Gamificada no Ensino de Administração: O Caso da Consultoria.com na Atividade Acadêmica de Estratégia, os autores Luciana Maines da Silva (Escola de Gestão e Negócios); Priscila Goergen Brust Renck (PPG Psicologia) e; José Carlos da Silva Freitas Junior (Escola de Gestão e Negócios) apresentam uma atividade gamificada – denominada Consultoria.com, no sentido de engajar os estudantes, buscando potencializar as aprendizagens e a colaboração entre eles. Essa atividade teve por objetivo instigá-los na análise de contextos relacionados a uma empresa fictícia de serviços em alimentação e na elaboração de um planejamento estratégico. No oitavo texto, intitulado Mural dos Cientistas: Uma Prática Pedagógica realizada no Modelo Remoto Emergencial, as autoras, Flávia Schwarz Franceschini Zinani (PPG Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção e Sistemas); Isadora Cardozo Dias (PPG Educação) e; Rejane De Cesaro Oliveski (PPG Engenharia Mecânica) apresentam uma vivência de aprendizagem que se constituiu em período pandêmico, quando as universidades enfrentaram desafios educacionais. A Termodinâmica, historicamente vista como uma disciplina abstrata, demandou métodos inovadores, como o Problem Based Learning (PBL) e Context and ProblemBased Learning (C-PBL). O texto destaca a implementação bem-sucedida da prática pedagógica “Mural dos Cientistas” no curso de Engenharia Mecânica (Unisinos), durante o segundo semestre de 2020. Nessa prática, os alunos pesquisaram e criaram vídeos sobre cientistas fundamentais da Termodinâmica, promovendo não apenas o aprendizado sobre os cientistas, mas tambémo engajamento dos alunos, o desenvolvimento
25 ELIANE SCHLEMMER, DOROTEA FRANK KERSCH E LISIANE CÉZAR DE OLIVEIRA de habilidades emequipe e a humanização da disciplina, destacando as histórias de vida por trás da ciência. No nono texto, intitulado SUPER GUEDES: O Super Herói da Macroeconomia, a professora pesquisadora do PPG em Economia narra sua trajetória de aprendizado e de docência, destacando a apropriação/criação de práticas pedagógicas digitais após ingressar na Especialização Educação OnLIFE. Inspirada na vivência “Novas Aventuras de Dom Quixote”, ela enfrenta desafios, simbolizados como “moinhos”. Nesse sentido emerge o “Super Guedes” – um super-herói da Macroeconomia, cuja jornada é entrelaçada com a docência junto a disciplina Macroeconomia II, do curso de Graduação em Ciências Econômicas. Agenciada a muitos moinhos, a professora cria a prática pedagógica inventiva, que tem por objetivo instigar e promover competências econômicas e digitais, engajando acadêmicos e propiciando um ambiente de aprendizado dinâmico. A abordagem, baseada em uma história em quadrinhos, destaca a importância de superar obstáculos e humanizar a Educação On-line. Para finalizar, o décimo texto intitulado Escola e cidadania digital em um mundo hiperconectado: questões para repensar a dimensão educativa, de autoria de Roberto Rafael Dias da Silva do PPG em Educação, apresenta um capítulo repleto de reflexões e insights sobre a educação na contemporaneidade e compartilha algumas das problematizações realizadas, no contexto da Especialização em Educação OnLIFE, no que se refere a currículo, escolarização juvenil e cidadania digital. Nesse sentido realiza: a) uma análise profunda da cidadania digital, propondo umdiagnóstico para sua emergência e explorando suas implicações na escola; b) a proposição no sentido de repensar os currículos escolares em direção a uma “boa governança OnLIFE” em ummundo hiperconectado e; c) reflexões sobre a escola em um mundo hiperconectado, delineando núcleos de experiência formativa que, sinergicamente, abordam subjetividades emergentes, competências digitais e a proteção das capacidades de atenção. E finaliza o texto, compreendido não como uma resposta definitiva, mas enquanto proposição para pensar novas problematizações que podem orientar futuras
26 APRESENTAÇÃO: A FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE: UM PERCURSO EM CONSTRUÇÃO pesquisas e práticas educacionais na perspectiva da inventividade e de uma Educação OnLIFE. A SEÇÃO III: COnversAÇÕES, composta por três artigos, apresenta textos resultantes dos diálogos e contribuições realizadas por pesquisadores do Brasil e de Portugal, vinculados a diferentes áreas do conhecimento, que foram convidados a realizar uma conversa com os professores-pesquisadores em formação. Esses momentos de conversa, intitulados COnversAÇÕES, passaram a integrar Webséries no âmbito da Rede Internacional de Educação OnLIFE. No primeiro texto, intitulado Legislação de EaD na Pós-Graduação stricto sensu, Vani Kenski discute a modalidade de Educação a Distância na Pós-Graduação stricto sensu. A partir da Constituição Federal de 1988, que define “no Brasil, ‘a educação é para todos’, sem delimitar modalidade ou outras formas de restrição”, apresenta aspectos da legislação, bem como dados sobre a Pós-Graduação Lato Sensu a distância, a fim de problematizar o stricto sensu a distância. Nesse sentido, discute os Mestrados Profissionais e os Mestrados e Doutorados acadêmicos a distância, os quais são regidos por uma legislação específica, e evidencia as fragilidades de critérios avaliativos específicos e o desconhecimento da modalidade a distância para o stricto sensu, o que tem resultado na não aprovação das propostas submetidas. A autora salienta que o stricto sensu namodalidade a distância continua a preocupar a sociedade e as IES, uma vez que, no governo atual, “a modalidade não é explicitada como item prioritário na elaboração do novo Plano Nacional de Pós-Graduação 2024-2028, documento que estabelece as diretrizes para a pós-graduação no Brasil para os próximos cinco anos”. Por fim, apresenta a Pós-Graduação stricto sensu a distância, que hoje está disponível no Brasil e que é ofertada por instituições estrangeiras, as quais, segundo a autora, viabilizam o preceito constitucional brasileiro de “educação para todos”, elevado a um novo patamar, “em ummundo cada vez mais globalizado e em rede”, do qual o Brasil, por desconhecimento e preconceito, ainda não faz parte. No segundo texto, intitulado A Rede de Centros Locais de Aprendizagem da Universidade Aberta de Portugal: Estruturas de
27 ELIANE SCHLEMMER, DOROTEA FRANK KERSCH E LISIANE CÉZAR DE OLIVEIRA Cooperação com a Sociedade para o Desenvolvimento Sustentável dos Territórios, Domingos Caeiro e Antonio Moreira apresentam a Rede de Centros Locais de Aprendizagem da Universidade Aberta (RCLA) no âmbito da sua missão de responsabilidade social e acadêmica, a qual funciona ao serviço do desenvolvimento social e territorial das populações garantindo-lhes um maior acesso à educação superior e reforçando a capacidade de investigação científica e de disseminação do conhecimento da Universidade Aberta (UAb), em articulação com outras instituições, públicas e privadas. No texto, os autores analisam o papel dessa rede no desenvolvimento dos vários territórios onde está presente, apresentando as principais contribuições em nível da aprendizagem ao longo da vida, no acesso à educação e formação, na investigação e inovação, no envolvimento da comunidade e do crescimento econômico. Por fim, sugerem como o modelo denominado de cinco hélices pode ser utilizado para apoiar redes desta natureza no desenvolvimento e crescimento sustentável dos territórios. No terceiro texto, intitulado Desescolarizando o pensamento: como as epistemologias reticulares e conectivas nos desafiama pensar o ofício do pesquisar, Massimo Di Felice, a partir da transcrição da sua fala realizada no âmbito da Especialização Educação OnLIFE, elabora um texto acessível no qual discute a necessária transformação nas universidades, a qual não é somente de ordem estrutural, organizativa, adaptativa, relativa aos procedimentos, nem tampouco se reduz a utilização de Tecnologias e Plataformas Digitais para o ensino, mas sim, é algo mais profundo e que implica a própria ideia de conhecimento. Nesse contexto, Di Felice propõe uma reflexão a partir de três pontos: o primeiro no qual aborda o significado do processo de digitalização e conectividade; o segundo onde problematiza o que aprendemos com a pandemia e como isso se reflete também na nossa vida, na nossa relação com o outro e com o mundo e; o terceiro, o qual deriva da convergência dos dois primeiros, concentrando-se na discussão sobre como isso muda a universidade, como podemos, neste contexto de transformação estrutural repensar conhecimento.
28 APRESENTAÇÃO: A FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE: UM PERCURSO EM CONSTRUÇÃO Referências PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virgínia; ESCÓSSIA, Liliana da (org.). Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2012. 207 p. PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virgínia; TEDESCO, Silvia (org.). Pistas do método da cartografia: a experiência da pesquisa e o plano comum. Porto Alegre: Sulina, 2014. 310 p. SCHLEMMER, Eliane. A pandemia proporcionou vários aprendizados. Revista TICs & EaD em Foco, v. 7, p. 5-25-25, 2021. SCHLEMMER, Eliane. Da LinguagemLogo aos Espaços de Convivência Híbridos e Multimodais: percursos da formação docente em tempos de Humanidades Digitais. In: DIAS-TRINDADE, Sara; MILL, Daniel (org.). Educação e Humanidades Digitais: aprendizagens, tecnologias e cibercultura. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, v. 1, p. 125-158, 2019. SCHLEMMER, Eliane; KERSCH, Dorotea Frank; OLIVEIRA, Lisiane Cézar de. Formação de professores-pesquisadores em contexto híbrido e multimodal: Desafios da docência no stricto sensu. Revista Tecnologias na Educação, v. 33, p. 1-23, 2020. SCHLEMMER, Eliane; MOREIRA, José A. Modalidade da pós- -graduação stricto sensu em discussão: dos modelos de EaD aos ecossistemas de inovação num contexto híbrido e multimodal. Educação Unisinos [on-line], v. 23, p. 689-708, 2019.
29 A UNIVERSIDADE NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO SEÇÃO I: ASPECTOS TEÓRICOMETODOLÓGICOS E TECNOLÓGICOS DA FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO A Seção I apresenta e discute aspectos teóricos-metodológicos e tecnológicos da Formação Docente no Ensino Superior e na Pós-Graduação, os quais são evidenciados nos seis textos que compõem a seção. Os dois primeiros textos trazem o percurso histórico da construção epistemológica-teórica-metodológica e tecnológica, constituído na tríade Pesquisa-Desenvolvimento-Formação no Grupo Internacional de Pesquisa Educação Digital - GPe-dU UNISINOS, mais especificamente relacionada à formação de professores e pesquisadores, iniciando com os Ambientes Virtuais de Aprendizagem até chegar no conceito de Educação Híbrida e Multimodal. A partir desse conceito é proposto o projeto de pesquisa, no qual tem origem a presente obra, sendo evidenciado o percurso da formação de professores e pesquisadores na cultura híbrida e multimodal, apresentado no terceiro texto. A fim de evidenciar os desafios da modalidade da Pós- -Graduação neste terceiro milênio, o quarto texto aborda e discute, a partir da legislação, a modalidade EaD no stricto sensu, na relação com o hibridismo e com a multimodalidade. Nesse sentido propõe que a modalidade da Pós-Graduação seja repensada na perspectiva dos Ecossistema de Inovação na Educação no contexto híbrido e multimodal, constituídos numa articulação maior com a comunidade/sociedade, a fim de potencializar a sustentabilidade. É nessa perspectiva que emerge o Programa de Formação de Professores-Pesquisadores num contexto híbrido emultimodal, no Paradigma da Educação OnLIFE. O Programa é composto por uma formação proposta emnível de extensão, apresentado no quinto texto e uma formação em nível de especialização, apresentada no sexto
30 A UNIVERSIDADE NO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO OnLIFE FORMAÇÃO DOCENTE E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO texto. O sétimo e último texto, apresenta e discute a percepção formativa de professores-pesquisadores da pós-graduação, participantes do curso de Especialização em Educação OnLIFE, que diante do processo experiencial de uma prática pedagógica inventiva puderam desenvolver e qualificar diferentes tipos de letramentos e, consequentemente, reformular suas práticas pedagógicas no e para o seu local de trabalho, fechando assim, a seção I.
31 SCHLEMMER, E; KERSCH, D. F.; OLIVEIRA, L. C. de. A universidade no paradigma da Educação OnLIFE: formação docente e práticas pedagógicas no Ensino Superior e na Pós-Graduação. São Leopoldo: Casa Leiria, 2024. FORMAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO: DOS AVA/AVGS AO HIBRIDISMO Eliane Schlemmer Quando usamos o termo “formação de professores”, imediatamente construímos uma imagemmental de umespaço onde esse processo acontece. É bem provável que a primeira representação seja a de uma universidade, num ambiente formal de sala de aula, com quatro paredes, classes, cadeiras, um quadro negro ou verde (que também pode ser branco), quem sabe até um laboratório com alguns computadores, e, claro, alguém que coordena o processo e os professores. Mas o que acontece quando acrescentamos a esse termo a expressão “em Ambientes Virtuais de Aprendizagem, em Ambientes Virtuais Gráficos, emMetaversos, em Espaços de Convivência Digitais Virtuais – ECODIs, em Espaços de Convivência e Aprendizagem Híbridos e Multimodais”? Qual a imagemmental que construímos? Que representações temos para esses espaços? O que muda? Cada autor(a) deste livro tem uma trajetória vinculada à formação de professores do ensino superior no contexto digital. Aminha inicia em 1996, quando criei o Ambiente Cognus1, graficamente ambientado na série The Jetsons2. O ambiente era organizado a partir de uma metodologia então denominada “problematizadora”. O objetivo era criar um ambiente para realizar processos de formação e de capacitação de professores na modalidade on-line, especialmente nas áreas da Informática na Educação, Educação a Distância e Tecnologias de Informação. Nesse contexto, em julho de 1997, desenvolvi, em nível de Extensão, uma capacitação sobre Informática na Edu1 O Cognus foi criado pela Empresa FW Ltda, da qual era sócia. 2 Série de ficção científica norte americana, produzida pela Hanna-Barbera, originalmente exibida na ABC entre 1962 e 1963. No Brasil a série foi exibida entre 1985 e 1987 pela SBT. DOI https://doi.org/10.29327/5365072.1-2
32 Formação docente no ensino superior e na pós-graduação: dos ava/avgs ao hibridismo cação para os professores do curso de Pedagogia da Unisinos; nomesmo ano, outro sobre Informática como Instrumento Pedagógico e, em 1998, sobre Educação a Distância. Foi também em 1997 que ingressei como professora no ensino superior e, também como formadora de professores do ensino superior para a Educação a Distância, nas Faculdades de Taquara. Naquela época, em meio aos primeiros Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), também conhecidos como Virtual Learning Environment (VLE), começavam a surgir os primeiros servidores de ambientes multiusuários que possibilitavam representação e interação gráfica, em 2D e 3D e, com eles, o meu interesse em investigar a formação dos professores nesse contexto. Com o ingresso, em 1998, no doutorado em Informática na Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, para além de habitar o contexto da Educação a Distância (EaD) enquanto estudante, fui também formadora de professores da Costa Rica, num projeto intitulado “Formação de Professores Via Telemática”, financiado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e desenvolvido na modalidade EaD3. Mas foi com o Projeto Criando Ambientes Virtuais Interativos – CAVI (1998-1999), desenvolvido no contexto de duas disciplinas do doutorado e vinculado à formação de professores do ensino superior, na FACCAT e na Universidade de Caxias do Sul, que, efetivamente, mergulhei nas plataformas que possibilitavam construir ambientes multiusuários gráficos em 2D e 3D, os quais já habitava desde 1996. O CAVI era um ambiente experimental de EaD, que tinha como objetivo investigar, implementar e analisar o processo de construção de Ambientes Virtuais Gráficos (AVG), por professores do ensino superior em formação, buscando compreender as condutas cognitivas e sócio-cognitivas emer3 O projeto “Formação de Professores Via Telemática”, financiado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), teve início em 1998, envolvendo o Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC – UFRGS), o Nied da Unicamp e o Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, da PUC-SP. Em 1999 ele passou a ter também a colaboração de centros de pesquisa de diferentes países da América Latina e Caribe. Foram quatorze países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, República Dominicana e Venezuela).
33 Eliane Schlemmer giam nesse processo. Naquele momento, já discutíamos sobre a contínua necessidade de atualização e aperfeiçoamento de professores em função dos desafios e as mudanças rápidas que caracterizavam a sociedade do século XXI, descrita em 1999, pelo sociólogo espanhol Manuel Castells, como Sociedade em Rede (Castells, 1999). Os fundamentos teóricos com os quais operávamos na pesquisa articulavam a Epistemologia Genética de Jean Piaget, com elaborações desenvolvidas por Lévy (1993) e Papert (1997) em diálogo com as produções desenvolvidas pelo Laboratório de Estudos Cognitivos da UFRGS – LEC/UFRGS, especialmente Fagundes (1997). Da Epistemologia Genética de Jean Piaget, buscávamos o conceito de inteligência, entendida como uma forma de adaptação humana, que se desenvolve num contínuo processo de construção, criando formas cada vez mais complexas e buscando por uma equilibração progressiva entre o organismo e o meio (Piaget, 1987), sendo o conhecimento humano essencialmente coletivo, uma vez que a vida social constitui-se como um dos fatores essenciais da formação e da ampliação dos conhecimentos (Piaget, 1973). Piaget explica que os fatos mentais (sujeito-objeto) são paralelos aos fatos sociais, sendo o sujeito substituído por “nós” e o objeto, por outros sujeitos. Nessa relação, o conhecimento não está nem no sujeito, tampouco no objeto, mas na interação entre eles, ou seja, nas interações interindividuais. É no âmbito dessas interações que se manifestam os diferentes mecanismos sociocognitivos, entre eles a cooperação, responsável pelo equilíbrio nas trocas sociais. Para Piaget (1973), a cooperação implica co-operar na ação, ou seja, realizar um operar em comum com o outro, o que envolve ajustar operações de correspondência, reciprocidade ou complementaridade, ações executadas pelos sujeitos envolvido no processo, o que pressupõe colocar em relação pontos de vista distintos, buscando estabelecer um sistema de operações recíprocas. Com isso, é gerado um equilíbrio interno, o que resulta num respeito mútuo, condição necessária para que a autonomia e a autoria possam se desenvolver. Diferentemente do que ocorre na cooperação, na coação, outro mecanismo sociocognitivo referido por Piaget, não há um
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